sábado, 14 de março de 2009

TEXTO ESCRITO POR PAULINHO DA VIOLA. LEIAM ATÉ O FIM.

   Um mestiço e um molusco rastejante 
desembrulhando/'descascando' a bala -

   Parece um detalhe minúsculo diante da grandiosidade do fato histórico que acabamos de presenciar, mas, eu começo meu texto falando em quem? Nele, o Presidente Lula, para ressaltar o que acho ser o vale profundo que separa nossos países.
Lula descasca uma bala, Obama a desembrulha. Lula joga o papel no chão e acha isso perfeitamente natural; insiste que em todo o mundo, isso nem seria notado. Obama, caso aceitasse comer uma bala durante uma solenidade oficial, guardaria o papel no bolso até poder jogá-lo numa lixeira. É um detalhe? É, mas, daqueles fundamentais, como o sorriso da Mona Lisa: em toda a tela de “da Vinci”, quanta beleza, quanto talento, quanto simbolismo. Mas o que mais chama atenção?
O pequeno detalhe do sorriso.
   Obama foi eleito presidente dos EUA e não do mundo. Seu interesse primeiro é seu país e o povo americano. Problemas internos, muito sérios, não lhe vão faltar. Mas, pela primeira vez na história daquele país, foi eleito um homem mestiço, filho de um queniano e de uma jovem do Kansas, que passou parte da infância entre o Havaí e a Indonésia, que teve oportunidade de conviver com crianças e jovens de outras nacionalidades, de conhecer outras religiões e filosofias, e que por mérito e esforço próprios cursou boas universidades na Costa Leste. Isso o diferencia de todos os outros presidentes americanos.
   Sobretudo o diferencia de George W. Bush, rapaz muito rico, mas que até ser presidente da República nunca tinha ido além do México. E assim mesmo, porque era muito perto de sua casa, talvez até considerasse aquele país a continuação de seu quintal.
A eleição foi uma festa, uma linda festa que congregou, e aí está sua maior beleza, a grande maioria dos americanos e não somente os brancos, anglo-saxões e protestantes. Os EUA celebraram o que já deveria ter sido celebrado desde o fim da Guerra Civil, desde que imigrantes começaram a desembarcar de navios abarrotados de gente no porto de Nova York. Finalmente poderiam ouvir a voz da Estátua da Liberdade e responder aos lamentos daquela grande nação à beira do desaparecimento.
   O presidente-eleito na noite de sua vitória, disse: "Essa foi a resposta dada pelos jovens e velhos, ricos e pobres, democratas e republicanos, negros, brancos, latinos, asiáticos, índios, homos, heteros, inválidos e não inválidos somos e sempre seremos, os Estados Unidos da América".
   Barack Obama viu mais longe que os outros; não podemos desmerecer a luta e o sacrifício pessoal de Lincoln, de Martin Luther King, de Rosa Parks, dos meninos de Little Rock. Mas Obama viu que o que uniria o país era a força de seu "melting pot" em potencial, e não o ódio, não a vingança, não o punho cerrado, mas o abraço.
Pode ser que ele não consiga realizar o sonho das multidões que vibravam e choravam na noite de 4 para 5 de novembro. Seja como for, ele abriu as portas, derrubou barreiras, rasgou a picada, deu os primeiros passos. Torcida não lhe vai faltar.
   Enquanto isso, no Brasil, o Chefe da nossa Nação não diz duas palavras sem atiçar fogo, sem jogar brancos contra negros, pobres contra ricos, instruídos contra iletrados, nordestinos contra sulistas, partidos contra partidos, povo contra a Imprensa, todos contra todos.
   Ele não fala, grita, berra. Esfalfado, ouve os uivos da platéia, acha que está sendo adorado, e parte para outro palanque.
Criou um Ministério da Integração Racial que é tudo o que nós não precisamos. Seu titular teve a idéia de criar a Delegacia do Negro! Se um negro é assaltado, ele vai procurar a delegacia dele, não uma delegacia qualquer. Breve teremos delegacias para japoneses, coreanos, chineses. e o nome disso é Integração Racial.
   "Espero que Obama não vá gastar um ano sem resolver imediatamente a crise. Agora a crise pode ser debitada ao atual governo, mas um ano depois de ele tomar posse é dele também", disse Lula. Quer dizer, o Obama não pode apelar para a herança maldita do Bush! E ainda: "Acho que ele é suficientemente inteligente para tomar as medidas para evitar que a crise continue".
Pode deixar, Lula, Obama é brilhante. Peça ao Amorim para ler consigo o site que ele inaugurou logo no dia 5, Change.gov. Vá direto à política externa. É de chorar de emoção. Depois, leia todo o site e aprenda como se faz política respeitando o povo, o eleitor, o cidadão. O dado concreto, Lula, é que Change gov é algo de extraordinário!
   As coisas estão no mundo, só que eu preciso aprender!


Paulinho da Viola

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